domingo, 23 de dezembro de 2007

FELIZ NATAL

A Cyberletter deseja a todos os seus leitores uma Boas Festas

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

DIVULGAÇÃO


Amigos e visitantes,


Com alegria e uma incomensurável satisfação, divulgamos o lançamento e apresentação do livro À PORTA DO TEU CORPO da amiga MEL DE CARVALHO

(• A primeira apresentação será no dia 15 de Dezembro de 2007 (Sábado) no "Santiago Alquimista"(situado na Rua de Santiago nº19 1100-493 Lisboa), pelas 22h30m. )


(no mesmo dia e local do lançamento da Antologia Luso Poemas 2006).


(• A segunda no dia 22 de Dezembro de 2007 (Sábado), Grémio Lisbonense (situado na Rua dos Sapateiros Nº 226 1º 1100-581 Lisboa) pelas 16.30H).
(estando inserida no 1º Escritartes Rendez Vous), com Entrada Livre).



Será um prazer encontrarmo-nos neste evento.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

OS ANÓNIMOS


Já mais de uma vez abordei o assunto. O anonimato de quem comenta os blogues deixa-me possessa. Pois bem, quem não tem blogue, poderá sempre assinar ou deixar reconhecer-se. É um acto de cobardia dizer meia dúzia de bacoradas e esconder-se atrás de um ser ninguém. Devo realçar que uma crítica construtiva é sempre bem aceite porque ajuda a corrigir falhas.

Desta vez a coisa fez-me ferver. Um digníssimo desconhecido, escreveu umas frases “elogiosas” no blog Cyberletter, do qual faço parte, com outro elemento. Um outro amigo da escrita enviou uns trabalhos e, foram publicados.

Quem escreve, só o faz porque gosta e a escrita também é uma terapia para quem, gostando de escrever a usa para tal. Ora a escrita é portanto da responsabilidade de quem a escreve e a interpretação desta, será de quem a ler. Cem leitores permitirão cem diferentes interpretações, não será? Tudo o resto é especular…

Mas, como ia dizendo, o “espertinho” ou a “espertinha” que decidiu criticar a poesia do amigo da Cyberletter, pretendeu, possivelmente, passar-me um atestado de incompetência, por publicar algo que não estava dentro dos parâmetros da sua perspectiva… Pois bem, se havia algo a criticar e se o desiludimos, como temos todos os nossos nomes bem explícitos lá, não tinha mais do que se dirigir a nós e identificando-se, dizer o que tinha a dizer… possivelmente um ataque de ciúminhos de quem nem é capaz de escrever algo que possamos postar no referenciado Blog…

Claro que a mim cabe-me, em nome da Cyberletter e em meu nome pessoal, apresentar desculpas à pessoa que gentilmente cedeu o seu trabalho e lamentar que também tenha lido o desaforo. Acrescento que decidimos não apagar o mesmo, para que se visse que há sempre quem pretenda denegrir o trabalho dos outros, mas mesmo assim não deixo de estar chocada e triste.

Tanto o outro elemento da Cyberletter como eu, somos pessoas muito ocupadas, mas isso não invalida que nos enviem os vossos trabalhos, que os publicaremos logo que possível. O critério da publicação, será sem dúvida a qualidade, mas o primeiro a fazer justiça ao seu trabalho, é o autor.

Cumpri o que em consciência considerei que deveria fazer.

Saúdo todos os que nos vierem ler

isabel

sexta-feira, 30 de novembro de 2007


A CYBERLETTER tem a honra, o prazer de divulgar e convidar todos, para o segundo lançamento da obra SEIVAS DE INQUIETUDE, de José Miguel Lopes, a realizar no próximo dia 5 de Dezembro (quarta-feira), às 17 Horas na CASA DE FERNANDO PESSOA (Rua Coelho da Rocha, 16 - Campo de Ourique - Lisboa)

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

LÚCIA SOUSA

Especialmente para este blog, abri o baú dos poemas...
Em geral, é na noite que o pensamento voa e, ao regressar, traz as palavras com as quais desenho poemas...

Uma noite fria...
Uma alma vazia...
Um momento de calma...
Um grito da alma...
Uma dor apertada...
Uma vida marcada...
Um destino a cumprir...
Uma sombra a cobrir...
Um brilho apagado...
Um sorriso fechado...
Uma ausência de tudo...
Um fim de mundo...

… … … … … …

Sozinha e triste,
Sinto saudade...
Sei que em mim existe
Aquela verdade,
que já nem resiste.

Que falta de ti!
Como pode ser,
Se nunca te vi?
Mas em ti há poder,
E já o senti...
Como esconder?...

Que noite estrelada,
Que lua apagada,
Que falta de luz...
Nem estrelas nem nada,
Uma alma gelada,
Em forma de cruz...

Lúcia Sousa

Ver: Sol da meia noite
Nota: a CyberLetter agradece a esta nossa leitora por escolher a CyberLetter, como uma das suas preferências. Recebemos e publicámos os seus trabalhos. Bem-haja e receba as nossas saudações amigas.

PS. A CyberLetter adverte que neste espaço só se publicam poesias a 100% inéditas, depois de uma avaliação, bem como se divulgam novos lançamentos de livros.

domingo, 21 de outubro de 2007

"O Passeio de Deus"


Na memória de todos os que estiveram presentes ao lançamento oficial do livro mais recente de ÂNGELO RODRIGUES, “O Passeio de Deus”, ficará certamente uma imagem que não será esquecida facilmente. Foi um evento merecedor do efusivo aplauso, quer pela obra em si, rica tanto na vertente literária, quanto na vertente filosófica, como pelos intervenientes na oração elogiosa e de análise que fizeram à profunda poesia do autor, como pela poesia dita e a magnifica interpretação de música ao vivo com que fomos presenteados.
De parabéns a Editorial Minerva pela postura perfeita com que completou o acontecimento.
O lauto e excelente beberete com que fomos obsequiados merece uma referência muito particular – esteve magnífico!
A sessão de autógrafos bem como todo o convívio entre os presentes a partilhar as suas opiniões literárias, não poderiam ser esquecidos. Da Cyberletter, por tudo, um Bem-haja e a felicitação em particular a Ângelo Rodrigues pelo seu excelente livro.

20.10.07

sábado, 20 de outubro de 2007

POSFÁCIO I - (O passeio de Deus)

Na apresentação do livro

“O passeio de Deus”, um livro de ideias, modos de sentir e pensar a existência por toques de relevância filosófica e sensibilidade. Aventuras nos meandros da impressionabilidade e do cogito, oferecendo mananciais de olhares que se fazem passear contornando o lado do indizível. A existência conduz o poeta a questões bastante sérias, profundas, como o caso dos aforismos, produtos de reflexão do autor. Este livro “O passeio de Deus”, obra ímpar, tomado por uma filosofia literária, ergue o escritor a um novo prisma através de múltiplas cores, por patamares elevados. Horas de especulação, engenharia literária, levando a cabo uma profunda reflexão. Do espiritual ao trivial, as somas do sentir, no “O passeio de Deus” tomam corpo quando a vertente sensorial capta o que se disponibiliza… guarnecendo um sumptuoso passeio com uma dita entidade, quer seja imanente ou transcendente. Criam-se mundos na ordem dos porquês na intimidade com padrões de conjecturar, certamente os do poeta em causa, onde se desvelam perspectivas de realidade, tão preciosas quanto os modos de pensar de cada qual. Neste trabalho, o reino do pensamento é uma aventura constante, está numa constante renovação e aperfeiçoamento, face a uma sociedade apinhada de estranhas posturas, onde se reclamam vozes contraídas na miríade de ruídos entre o profano e o sagrado. Pela inquietação constante pautam-se posturas, problemas que implicam entregas e convites.
A poesia de Ângelo Rodrigues é um convite constante à tomada de consciência dos problemas existenciais e metafísicos. Respostas espartilhadas por terrenos que se implicam no próprio título, na tentativa de se agarrar aquilo que parece escapar dos dedos. De notar que medos e obstáculos não contribuem para a libertação, só uma nova postura purifica as crenças usuais, do dogmatismo desenfreado e atrevido. Como diz o grande Filósofo, Sócrates, “a vida não examinada não é vida para um ser humano”, e cada verso esbate-se com uma tomada de consciência, a uma postura reflectida, ainda que sendo a verdade residual das emoções do poeta em causa, as formas de vida que se pautam conjugam-se pelo sentir. Aquilo que se tem no presente são as formas de sentir que em determinadas situações se tentam subverter por modos de opinar diversificados.
Nos caminhos da poesia aqui apresentada, questionam-se os fundamentos da ordem social, as declarações de fé, procurando uma nova condição que sirva de archote para as percepções da situação… esta viagem de descoberta constante, por actos e descrições do sorriso inteligível, mostra outros mundos. O poeta tenta limpar as teias do dogmatismo, levando o sentido da experiência e intelectualidade, imprime nos seus versos uma luz mais elevada, com o intuito de iluminar os que vivem na aparência, nas regras de semântica, esses que não conseguem ver o conteúdo da realidade.
Nesta obra o percurso é uma constante. O passeio de Deus? Mas qual Deus que vai passear? Qual interesse poderá ter para mim tão empolgante conceito, esse do qual pouco sei, ou o meu saber não passará dum assentimento, num discurso de uma moral servida a interesses particulares?. O melhor será mesmo ir dar um passeio e esperar pelas novidades. Propósitos… grandes metas que inflamam a curiosidade, orientando e desorientando o leitor numa entrega de múltiplas tensões. Na poesia de Ângelo Rodrigues está patente a interrogação e o dar-se conta de que somos alguém, por essa ânsia tão enorme que se constitui numa abertura de constante busca, onde se assiste a um chamamento para a origem, Ângelo Rodrigues aponta para o lugar de onde tudo começa, de onde tudo regressa, a própria essência humana, pela necessidade urgente da tomada de consciência e a advertência aos que estão ocupados com a matéria fugaz, para que o acordar ainda esteja a tempo, esse tempo onde se possa beber dos primeiros princípios. O apelo é uma necessidade inerente ao poeta, neste seu “O passeio de Deus”. Passeando pela obra literária do Ângelo, na terminologia empregue, damo-nos conta que a “manhã” surge como princípio de fertilidade do ser, numa conjugação aberta de múltiplos estados, onde se desenraíza o sonho inacabado. Neste sonho, protótipo da ficção, o compromisso desvela-se no dar-se de conta que o mundo existe, só que na postura dos sentidos, onde a incerteza é o tónico predominante, isso aquando da exigência pela dúvida, como diz “já não sei se existes para mim / ou eu para ti”. O poeta precisa urgentemente de se encontrar pelos toques da palavra, porque o que se deixa apreender pelos sentidos é muito pouco, tendo em conta o preenchimento interior, o tal dito “espírito da manhã”, a ânsia da imortalidade que é uma constante, é espelho disso a poesia deste tomo. Algo mexe com o poeta, algo toca, no decurso da diferença dos dias diferentes. A busca é enorme como se pode ver pela leitura que se possa fazer e nas entrelinhas somos nesse estado, sendo a interioridade o lugar por excelência de todos os propósitos, mas a “simples-humanidade não entende”! A recordação, a comparação, um todo de ritmos tocam a sensibilidade e a razão mostra o valor dos atributos, por um toque, onde a lembrança prepara sempre um novo território, certamente aquilo a que o poeta aspira. A saudade, o adeus e todas as proposições do jogo das despedidas exibem a nostalgia do poeta, ainda que remetido para a pura ilusão. As palavras acontecem, fazem o autor procurar outros rumos e ritmos, verifica-se isso pela análise dos seus poemas, dos seus escritos, as próprias palavras são inquietação constante. A viagem é inquietante e estaciona nas origens cosmológicas da poesia, tentando obter-se uma resposta, essa que não se sabe muito bem dos seus meandros. A poesia serve para dizer, para fazer passar uma mensagem, os frutos surgirão posteriormente. É necessário gritar e dizer todos os nomes, mesmo os menos usuais, sim, esses mesmo… todos esses que toda a gente diz às escondidas e o Ângelo escreve mesmo. Tudo acontece no tempo, o tempo da inquietação do nada, um “quase-nada”, talvez um tudo a remodelar-se, a converter-se numa reencarnação ou ressurreição.
Ângelo Rodrigues fala da possibilidade, ele faz parte do objectivo do “jardim do Ser”, um lugar mágico, caracterizado por adjectivos tomados de uma carga muito forte, alguns até contraditórios, sendo a contradição a possibilidade do acontecimento da poesia. Fica-se pelo mistério, isso que é arrepiante, sombrio, alarmante e até imperceptível, ainda que o humano esteja sujeito ao desconhecido pela sua própria caminhada… esse passeio apocalíptico, com ou sem Deus é sem dúvida na existência e levanta imensas questões. O enigma é outro foco, e a pertença é desvelar-se, torna-se nisso o desejo… todavia a pobreza face ao que é, fica aquém da clarificação total e a poesia tenta dar resposta, entre o jogo da sensibilidade e do entendimento. O poeta joga com os conceitos “tudo”, “nada”, “adormecer”, “morte”, na tentativa de elucidar algo, apesar dos mistérios se parecerem multiplicar cada vez mais e a palavra “fim”, pode conter a chave de outro a que Ângelo nos remete. Sabemo-nos não sabendo! O mundo é mais do que o sentimento e a pergunta poderá ser feita no sentido de se perguntar acerca do que é que se sabe do mundo quântico ou outros possíveis. Existem forças responsáveis por aquilo que não se sabe dizer e o universo sustenta todos os princípios, os que se pensam e não pensam. Ângelo Rodrigues tenta pensar estes princípios num espírito filosófico. Afinal, onde mora a luz, qual o local da “casa do Tempo”? Perdemo-nos no jardim do ser, num passeio de Deus… Ângelo Rodrigues convida o leitor a despertar para outras instâncias, utilizando figuras de retórica enriquecedoras para a compreensão, restando sem dúvida o pensamento que norteia como uma bússola nos prados da existência.
Vivências, e um sem conta de experiências são os frutos do quotidiano, uma vez que a vida é o sacerdócio do passeio, por vezes sem rumo, com a esperança em algo, é esse algo que alimenta a chama, conotando-se de tudo o que se possa pensar. O lado pior da caminhada é deixar apagar o lume, uma vez que ele é o sangue da caminhada, a alma. O poeta nesta súmula de poemas faz sobressair a presença de Deus, porque “Ele tudo quer e tudo pode”, porque para lá do rumo outro rumo surgirá, assistimos nesta mão cheia de poemas a uma mudança constante, a uma evolução, à tal marcha de antídotos constantes que oferece respostas.
Na leitura destes poemas e aforismos parei e deixei-me envolver em sabores que me transportaram ao sublime e tomei-me nas ideias, mas a de felicidade é forte, anseia-se como o infinito, não passando de uma ideia entre as ideias disponíveis. A esperança consiste na melhoria de resultados e dizemos por norma que o “amanhã será melhor!”. Esta é a filosofia da auto-ilusão, activa a adrenalina e a crença parece fazer sentido no passeio em causa. As causas são múltiplas e os acontecimentos são sempre surpresa. Vive-se usando os cinco sentidos, se algum desagrada o lume em causa, então enfraquece-se e o segredo parece consistir em “Não deixes apagar o lume!”. Somos discretos no mundo dos sentidos e pautamo-nos por princípios, alguns alteram o modo de pensar. O poeta diz-nos que os mistérios são primos direitos do Destino e surpreende-se com as suas descobertas, está possuído pelo gérmen da filosofia, como que o tal “daimon” socrático. O espanto acontece quando se dá de conta da própria realidade, não uma qualquer, mas a que se sente, esta que foi escrita ao longo deste livro, de um modo muito especial. A importância dos sentidos são padrões de medida, eles fazem coincidir a coisa com a realidade e o momento só é momento quando acontece, nada mais do que isso. O que existe é um aqui e agora dado, esse que o poeta colocou no papel, como fruto da sua sensibilidade e reflexão.
Os sentidos conduzem a exaltações constantes na poesia do Ângelo Rodrigues, assim, o olhar como, “é bom comer a cor desta laranja”, entre outros, os aromas causam o prazer e o prazer só é prazer no momento do próprio prazer, no aqui e agora enquanto se retém os ingredientes que levam a cabo a entronização do sistema nervoso. O génio acontece porque podemos sentir e o sentir é algo distinto, diferente, mas é no agora e não no depois. O ser é no estado de vigília e na relação com… o que resta é o não-ser, estará para lá do “Passeio de Deus”.
A consciência que se tem é do agora e “não há consciência de nenhum amanhã”, de tal sorte que a felicidade não é do futuro, mas do presente. Ângelo Rodrigues escreve: “Vamos continuar a viver / por tentativas e erros. / O erro é o princípio / do Bem e da Verdade.” São os sentidos que possibilitam o prazer e o desprazer, o encanto e o desencanto, neste jogo a que se chama vida e que o Ângelo vai interiorizando. O que as coisas possam ser e não ser, evocam princípios metafísicos, reconduzindo-nos à vertente da ontologia; O poeta é aquele que sente, mas esse sentir é especial, sustenta sensibilidades e cria a partir das mesmas, é como que um deus interior que está sempre atento ao exterior circundante e que não se deixa ver, mas sabe-se fazer sentir.
Coabitamos com o que está disponível, por vezes quase como que dependentes do telemóvel, consola, portátil… com isto e outros acessórios, o poeta procura o sentido constante da existência. Somos nas necessidades que criamos, inventamo-nos para estarmos bem, um bem que se esgota na temporalidade, para termos um lugar de destaque. A poesia de Ângelo Rodrigues é um destaque nos seus feitos… O tempo embrulha-nos e os ciclos repetem-se, tal como as estações do ano, o nascer e o ocaso do Sol, nascer e morrer e a palavra final, será um “Fim”, que ficará em aberto. Afinal, o que é que escapa ao poeta? A advertência é a de se manter uma chama.
As cores da vida evocam sensações, os tons exibem estados de espírito do poeta, apelos de forças constantes.
Ansiosa alma, porque parece faltar algo, um isso inquietante e modelador, restando a hipótese como constelação possível, onde o poeta se envolve, num constante jogo, é isso que permite viver, como diz Ângelo, “uma espécie de alquimia / que nos permite viver / pela orientação metafísica”. Algo separa o humano, faz-se comutar entre o físico e o que está para lá da matéria, a postura metafísica, porque deseja-se a imortalidade, daí a sede de eternidade ser cada vez maior. As estruturas mentais conservam realidades que se pretendem vivas para todo o sempre, como o amor e as outras que ainda por mais que diga, só o Ângelo as pode dizer, uma de cada vez.
O encanto da vida sustenta-se na aprendizagem que se tem e que está em situação, como o poeta diz, “ninguém ensina e ninguém aprende”. Escolhem-se caminhos pesar das constantes indicações, a verdade, a felicidade ou algo que possa prender, tudo isso ou outras circunstâncias contam a história da vida do sujeito, numa comunhão de princípios.
O poeta pergunta pelo sentido da própria pergunta com o intuito de desbravar sentido, na tentativa de reparar algo, uma vez que a postura anseia pelo acolhimento. O conhecimento que aos poucos se vai constituindo é reparador de danos, por vezes frutos da ignorância; contudo é necessário estar atento, não fossem todos estes poemas advertências para se estar atento a algo na grandiosidade do que afinal consiste viver.
Pensar e sentir são a tónica constante na dicotomia do humano em situação, por um tempo de possibilidades. Os filósofos também viveram no mundo da possibilidade e em determinados locais, o Ângelo no seu e na sua lareira, como Descartes deixa um convite para a reflexão, não fosse este livro um constante de estados de reflexão e amadurecimento votados à reflexão, por passagens de evolução que se vão acentuando e assim, “o poema será sempre / a suspensão da normalidade” e “A Morte é de toda a gente”. Um livro entre os livros irrompendo a sensibilidade de quem pára para se dar conta do que está em seu redor…
O Ângelo está de parabéns.

Vila Franca de Xira, 07 de Agosto de 2007
Jorge Ferro Rosa
In, O Passeio de Deus, pp.113-123
PS. Hoje, foi o lançamento oficial do Livro "O Passeio de Deus", de Ângelo Rodrigues. Um evento que mereceu um grande aplauso. Nada faltou. Tudo esteve muito bem. Uma boa assistência que se deliciou na apresentação do livro, com intervenção dos elementos que escreveram para a obra. A Editorial Minerva marcou assim uma postura exemplar. Declamação de poesia, música ao vivo e um excelente beberete que estava magnífico. Um convívio cheio de autografos, onde se partilharam opiniões literárias.
Todos estão de parabéns. A CyberLetter, endereça aqui os parabéns ao Ângelo Rodrigues pelo seu livro magnífico. Bem-haja!.
Saudações da CyberLetter.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O PASSEIO DE DEUS


CONVITE - apresentação pública da obra

EDITORIAL MINERVA e o autor, têm o prazer de convidar V. Exª, família e amigos, para a sessão de apresentação da obra de poesia & aforismo O PASSEIO DE DEUS (nº 1 da colecção de bolso «pequenos livros, grandes ideias») de ângelo rodrigues, a realizar no dia 20 (Sábado) de Outubro de 2007, pelas 16:30 horas em

AUDITÓRIO CARLOS PAREDES
Junta de Freguesia de Benfica
Avª Gomes Pereira, 17 – Lisboa
Acessos: Autocarros: 16C, 24, 50, 84

Coordenação da sessão e apresentação da obra e autor pelo prefaciador e “Mestre em História da Qualidade de Vida e da Boémia Contemporânea”
von Trina. Intervenção crítica de Jorge Ferro Rosa e de Fernando Baleiras (autores dos posfácios). Leitura de alguns poemas e aforismos por América Miranda e Cristina Estrompa. Momento musical por Pedro Mulder (canções).

Capa de
Miguel d’Hera, ilustrações de Diana Azevedo Batalha e fotografia do autor (contracapa) de Rodolfo Rodrigues.

Gratos pela honra da comparência
Será servido um Porto de Honra

Ângelo Rodrigues nasceu em Torres Novas em 1964. Gosta de deusas atrevidas, da Noite, do Mar, da espécie-Mulher, de boa música, de
artes-plásticas e de alguma literatura. É, como alguém já escreveu, um ser intelectualmente irrequieto e insatisfeito que procura despertar as consciências adormecidas pela rotina das ideias feitas, das convenções, dos sistemas. O seu horizonte imediato é a Alma-humana. Coloca de novo a velha e primordial questão universal: O que fazemos aqui? - Para onde vamos? - O que nos espera? (…)
É Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa e professor de Filosofia e de Psicologia do
Ensino Secundário. (…)
E num dia efémero de hábitos estúpidos e terrivelmente convergentes (como no caso do trabalho), escreveu
Miguel d’Hera no seu diário-não-autorizado: Ângelo Rodrigues é um resistente, eclético, ecuménico, um-criador-de-absoluta-insatisfação; é também um humanista do desejo e da ousadia, um provocador de impossíveis, um moscardo farpizante de conservadorismos e de estabilidadezinhas; um arauto da diferença; um místico do devir.
De ÂNGELO RODRIGUES ‘LITERATO’ nunca sabemos o que de bom podemos esperar, ou que surpresa nos inquietará o espírito na vertigem da degustação das suas palavras, actos monumentais, de rara dimensão poético-filosófica.
«(...) Já ninguém aguenta as merdas dos existencialistas. Deus não existe porque Sartre também não existiu. Aponta aí: deus existe e não se fala mais nisso! (...)»
Enorme responsabilidade pensar-se-ia, para o autor que já não pode publicar sem corresponder perante ele próprio a um elevado padrão de exigência e perante os leitores que na memória e expectativa de anteriores viagens, desfrutando de poderosas imagens com cor, sabor, cheiro e imaginação, irremediavelmente o avaliam por comparação. A sua presente proposta de redenção humana «O PASSEIO DE DEUS - poesia & aforismo», afigurar-se-ia assim, uma pesada ousadia para o mais experiente dos poetas, mas depois de várias leituras sérias e analíticas, concluo que para ELE-POETA-CRIADOR mais não foi que uma surpreendente e inata descida refrescante, de um qualquer rio sagrado, assobiando com profana naturalidade, talvez de eterna criança, árias enleantes que lhe terão sido confiadas por deuses antigos, guardiões da beleza e da chama da vida. Enfim, um agradável passeio. (…)
von Trina (Excerto do Prefácio)
-
(…) A poesia de Ângelo Rodrigues é um convite constante à tomada de consciência dos problemas existenciais e metafísicos. Respostas espartilhadas por terrenos que se implicam no próprio título, na tentativa de se agarrar aquilo que parece escapar dos dedos. De notar que medos e obstáculos não contribuem para a libertação, só uma nova postura purifica as crenças usuais, do dogmatismo desenfreado e atrevido. Como diz o grande Filósofo, Sócrates, “a vida não examinada não é vida para um ser humano”, e cada verso esbate-se com uma tomada de consciência, a uma postura reflectida, ainda que sendo a verdade residual das emoções do poeta em causa, as formas de vida que se pautam conjugam-se pelo sentir. Aquilo que se tem no presente são as formas de sentir que em determinadas situações se tentam subverter por modos de opinar diversificados. (…)
Jorge Ferro Rosa (Excerto do Posfácio - I)
-
(…) Ao lermos O Passeio de Deus, somos envolvidos nesse tirar proveito, esfomeado e sedento que acalenta a esperança que o meu anfitrião oferece no mínimo gesto da sua narrativa. A minha esperança foi alcançada da melhor maneira, com uma fausta refeição regada com deliciosos vinhos. Depois daquela entrada poética regada Da Fonte quando diz: Há quem nasça no por-aqui / para provar aos distraídos / aos confusos e aos materialmente ocupados / que a Fonte existe, / que a Fonte está em Nós. Assim, num estado de espírito caleidoscópio e multiforme, com essa magia instintiva, tão cara à antropologia, essa telepatia capaz de nos fazer participar numa comunicação sem palavras (dedução, apreensão – as não verbalizações), deparo-mo com o Poema do recomeço. A Barata. Aqui brinda-me a exclamação, o clamor… Desconheço um qualquer tratado ou ensaio / sobre a vida das baratas e é pena (!). Depois vem aquele repasto desta vez regado com uma deliciosa reserva, carnuda, macia e aveludada, este Do brilho do Tempo, tinha-me conquistado. (…)
Fernando Baleiras (Excerto do Posfácio - II)
-
PS. A CyberLetter felicita este amigo pelo seu livro, desejando muitas felicidades para o respectivo lançamento bem como pela sua vida fora. Bem haja amigo!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Livro - NO SILÊNCIO DOS MEUS SENTIDOS



Lançamento de Livro:

Em primeira hora, em primeira-mão desvelam-se todos os segredos!.

É oficial, Gaybriel publica o seu primeiro livro: "No silêncio dos meus sentidos".
Já no próximo dia 05/10/2007, pelas 22:30h, em Matosinhos, ali ao lado do Porto.

Grande evento a não perder!
De capa original, em tons vermelhos (sangue, paixão), com uma mão entreaberta (partilha, doação de todos os meus sentidos) e um papel meio amarrotado (todos os meus rascunhos que deixaram de o ser). É assim que a Corpos Editora leva a cabo mais um volume de poesia e prosa.

“No que diz respeito a versão em vermelho, penso que o vermelho é paixão, é sangue que representa a sua batalha interna, e a mão semi aberta mostra que já não batalha, mas sim partilha o seu intimo e todo o sangue que corre nessa mesma.”- Adriana Pereira

Todos estão convidados para o grande evento no dia 05 de Outubro no bar BLA BLA, em Matosinhos pelas 22h30…

Será um evento diferente, onde será lançado não só o livro “No silêncio dos meus sentidos” como outros e também a música não faltará!

Vamos passar um serão bem agradável? Gaybriel espera por vocês.

“Sim, o Gaybriel escreveu, o Gaybriel sentiu, o Gaybriel vai mostrar um pouco mais de si em livro!Tudo começou um pouco a medo, em busca de um sonho, mandei alguns escritos meus para a editora, nunca pensando que a resposta chegasse logo no dia seguinte, aceitando então a publicação em livro. Fiquei muito feliz…Assim sendo, o segredo está revelado, confesso que queria fazer suspense durante mais algum tempo, mas não consegui… Dia 5 de Outubro de 2007, “No silêncio dos meus sentidos” será finalmente revelado à família, amigos, colegas e leitores.Gaybriel, a caminho de realizar mais um sonho!Obrigado…”.
Assina Gaybriel

Nota: Para qualquer esclarecimento, ou mesmo para reservarem o convite não hesitem em ligar ao Gaybriel - 917080597. Ele espera-vos com um convite à porta do:
BLA BLA
Rua Brito Capelo, Nº 1085 - 4450-077 Matosinhos

Autor do blog: http://silenciosentido.blogs.sapo.pt/

PS. A CyberLetter felicita este amigo pelo seu livro, desejando muitas felicidades para o respectivo lançamento bem como pela sua vida fora. Bem haja amigo!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

TIAGO NENÉ - VERSOS NUS

Notícias:
Tiago Nené, algarvio, nasceu em Tavira no dia 29 de Março de 1982. Licenciou-se em Direito, em 2005, pela Universidade Católica Portuguesa, e actualmente exerce advocacia em Faro. Depois de algumas colaborações literárias, escreve em 2007 o seu primeiro livro de poesia, intitulado Versos Nus.
No próximo dia 29 de Setembro de 2007, em Lisboa, às 16.00 - no Magnolia Caffé (Praça de Londres), vai ter lugar o lançamento do livro de Tiago Nené, Versos Nus. A poesia deste livro está carregada de influências literárias estrangeiras, tais como Allen GInsberg, Uberto Stabile ou Charles Bukowski. Haverá posteriormente uma outra apresentação, na Fnac do Algarve Shopping, em data ainda por designar. Tiago Nené

Do seu blogue: "Alberto Velasquez é natural de Faro. Toda a sua vida é uma fuga inconsciente à normalidade. O seu mundo não é mais do que uma procura interior, em que ele, durante anos e múltiplas adolescências, tentou buscar a personalidade que melhor lhe servia. Não só a ele, mas a todos. Este blog reflecte momentos muito verdadeiros."

O convite está feito! Façamos deste dia um dia especial, um dia de referência deste nosso amigo! Vamos todos estar lá e deliciar-se no manancial poetico dos VERSOS NUS.

Um poema de Tiago Nené, in Página Oficial do Escritor Tiago Nené

"Cocktail Bukowski

Naquele dia
Vestira o meu corpo
Sem a alma,
Vestira o meu corpo
Sem a alegria,
Lavei os dentes
E esqueci-me do sorriso no lavatório,
Lavei as mãos
E deixei o tacto na toalha;
Nesse diaApós o trabalho fui dormir,
Deitei o corpo
E reecontrei a alma.
No dia seguinte
Vesti a alma
E deixei metade do corpo esquecido
E a memória no secador de cabelo...
E algo inesquecível de que não me lembro aconteceu:
Porque hoje tenho a alma mutilada
E nem o corpo tenho."

Tiago Nené

Da Net, do seu site Tiago Nené:

"Entrevista concedida ao blogue: Tenho uma Ideia!., de Álvaro Gonçalves.

Tiago Nené é um poeta que está prestes a lançar o primeiro livro.
Descubra a obra de Tiago Nené na entrevista concedida gentilmente pelo próprio.

Como surgiu o gosto pela poesia?

O gosto pela poesia surgiu na adolescência. Não tive uma adolescência fácil, tinha uma vida interior muito grande. Nessa altura como que ainda não me tinha encontrado. Como diz um dos meus poemas "estava para o mundo como o mundo para o universo". Incompreendido, pelas ideias e pela maneira de estar, ia tentando várias personalidades até achar uma que me coubesse. E apesar de terem sido tempos difíceis e de insatisfação, cresci imenso e finalmentre pude conhecer-me. Ouso dizer que me conheço bem. Durante esses tempos experimentei aquilo que eu considero ser "diálogos comigo mesmo", a poesia, claro está. Tinha uma escrita tipicamente adolescente. Com o tempo fui conhecendo grandes autores da literatura mundial, que me fizeram refinar o estilo.

Porque decidiste escrever um livro?

Eu escrevo há muitos anos e pareceu-me ser a altura ideal para o fazer. Talvez se fosse há dois anos atrás não o fizesse. Hoje em dia é diferente. Hoje em dia sou um grande leitor de poesia, hoje em dia sou um compulsivo "descobridor" de novos autores. É um prazer entrar na cabeça de um poeta e andar com ele para todo o lado. Um bom escritor tem que ser um enorme leitor. Um escritor é escritor, passe a redundância, quando não tem medo das suasideias, quando não se esconde atrás das palavras difíceis. Considero que tive grandes mestres e a minha poesia é mais directa do que o costume.

Porquê o título Versos Nus?

O nu tem múltiplos significados. Escolhi o título porque muitas pessoas, mesmo algumas que me são próximas, desconheciam totalmente que escrevia. Quando estes forem ler este livro, estas ideias, estes pensamentos e emoções, é como se sentisse que me estão a despir. Considero que o título não poderia ser mais adequado.

Já tive acesso à capa do livro e deixa-me dizer-te que não é fácil encontrar uma capa tão apelativa. Como decorrer esse processo?

A imagem da capa chama-se "Inner Dynamics" e é de uma grande fotógrafa portuguesa chamada Paula Rosa. Desde sempre fui um apaixonado por fotografia e as imagens da Paula sempre tiveram um enorme significado para mim. Quando soube que iria sair o livro pude contactá-la, dar-lhe a conhecer o projecto, os poemas. Dias depois recebi o que considero ser uma "carta de amor" da Paula, dizendo-me que seria uma enorme honra participar no livro. Convém dizer que a Paula cedeu a imagem gratuitamente.

Baseias-te em alguém na tua obra?

Claro. "No man is an island".

Em quem?

Tenho grandes influências na poesia. No panorama nacional, Álvaro de Campos. No estrangeiro as minhas preferências são variadas.Se tivesse de citar dois, e por serem os mais recentes, diria Uberto Stabile e Charles Bukowski.
Hoje em dia a minha escrita tem muitas imagens. Gosto que o leitor visualize coisas. Gosto de palavras sugestivas que o levem para lugares e para cenas. Uberto Stabile "deu-me" algum do seu surrealismo. Agrada-me ter de distorcer a realidade para passar uma mensagem. Esta característica surge muito num certo tipo de cinema. Lars Von Trier e Tim Burton são influências. Gosto de ir buscar ideias a outras artes e adaptá-las à poesia. Para mim a arte não pode ter limites.

Foi fácil arranjar alguém que te ajudasse a lançar o livro?

Lançar poesia não é, de todo, fácil. Eu considero que tenho um estilo diferente e, como disse, muito influenciado por aquilo que se faz lá fora. Isso pode ser uma vantagem, mas muitas vezes é uma desvantagem. Há muito conservadorismo em Portugal e somos muito avessos à mudança. O próprio Fernando Pessoa teve muitos problemas para publicar. Quanto a mim, tive a sorte de a Magna Editora estar atenta ao que escrevo por essa internet fora e me ter feito uma proposta de edição.

Quais as maiores dificuldades por que passaste para conseguires concluir a obra?

No caso de uma obra de poesia, a dificuldade é escolher o alinhamento dos poemas. É algo mais difícil do que parece, pois é fundamental encontrar um equlíbrio de temas e de estilo.

Quais os objectivos com a publicação do livro?

O principal objectivo é lançar um livro que as pessoas gostem. Não pretendo ser consensual, pois isso em literatura é das piores coisas que existe. Mas quero chegar a algumas pessoas, fazendo com que transportem este livro consigo, porque de alguma forma poderá ser "útil".

Como defines o teu público-alvo?

Grandes amantes de poesia, como eu. Nomeadamente a poesia de ideias, aquela que prefiro. Só essa poesia me causa verdadeiramente emoções.Enquanto escritor de poesia sou um observador. Busco sempre encontrar as melhores ideias, dentro da linguagem mais simples. Um bom verso é aquele que o leitor ao ler diz "é isto mesmo! como é que não pensei nisto antes?". Sem dúvida os versos mais difíceis de acontecer. Mas eu não me demito nunca do meu papel. Ser ambicioso faz parte da minha personalidade.

De que forma é feita a "publicidade" ao livro?

Vai haver duas sessões de apresentação. Uma em Lisboa, dia 29 de Setembro pelas 19.30, no Onda Jazz, dos melhores sítios da capital quanto a mim e haverá outra no Algarve, na Fnac do Algarve Shopping, que ainda não tem data. De resto, haverá outras formas de promoção (jornais, revistas, etc..) Também tive um convite de uma estação de televisão, mas ainda não posso falar sobre isso (risos).

O livro estará à venda em todo o país ou somente no sul de Portugal?

O livro estará à venda em várias livrarias em todo o país. No site da Magna Editora está uma lista com as livrarias onde o livro estará à venda. Também várias livrarias online venderão o livro, o que até é mais cómodo, entre as quais, e passe a publicidade, a Fnac. Deste modo, até do estrangeiro dá para adquiri-lo.

Já tens projectos futuros em mente?

Tenho vários projectos em mente, mas primeiro quero consolidar a minha posição enquanto escritor de poesia. Recebi um convite interessante para integrar um projecto educativo nos Palops (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), através de uma ONG. E porque é importante sensibilizar para a importância dos livros, quero, claro, dar a minha contribuição. No futuro talvez escreva teatro. É algo que me atrai." Ver: Tenho uma ideia!

Ver: Tiago Nené; Magna Editora; Sulscrito

terça-feira, 18 de setembro de 2007

RECORDANDO CAROLINA ALVES

Por Jorge Ferro Rosa

Em memória de Carolina Alves, a CyberLetter, recorda-a, com saudade

“As tuas cartas de amor
São poemas de saudade,
Papoilas rubras de cor
Nos verdes da mocidade.”

Carolina Alves

De seu nome, Carolina Alves da Silva Cecílio, filha de Manuel Francisco Alves e Amélia José, nasceu em Almodôvar no dia 09 de Abril de 1910.
Carolina Alves, na infância, cresceu em ondas de sensibilidade, em torvelinho de imagens agitadas, suspensas no seu mundo infantil, como nuvens coloridas boiando no céu. Era já a poesia a falar medrosamente a uma plateia que ri e chora sem a entender. Mas, os seus anseios eram ternos, tinham luz, inocência e filosofia precoce. Carolina Alves, já tinha ideais de mulher apesar da sua pouca idade e por isso chorava, com a amargura de quem está num túnel escuro, vendo grande luminosidade, ao longe, sem a poder alcançar. Então, interrogava-se:
“ Não sei... não sei de mim... nem o que sou!... / nem sequer de onde vim nem ao que vou!...” ... “E nos meus olhos místicos, videntes, / Há fantasmas, visões, sonhos ardentes.../ Não sei... não sei de mim... nem o que sinto.../ Tudo incerteza, vago e labirinto! ... / Talvez o vaticínio de profeta... / ou musa inspiradora dum poeta!...”. Isto são reminiscências aéreas tocadas de brisa que num gesto inconsciente, afagava. Aparições esfumadas que se diluíam de repente.

Carolina Alves frequentou escolas em Castro Verde, Entradas, Aljustrel e Beja. Ainda na adolescência, veio para Lisboa, onde, por falta de recursos, não completou o curso da Escola Normal. Aos dezoito anos ingressou nos escritórios dos Caminhos de Ferro Portugueses, mas, continuou sempre a estudar, valorizando-se, enriquecendo a cultura do seu espírito, apurando a sua sensibilidade, tornou-se admirada dos seus superiores e colegas. Entre os numerosos elementos do pessoal feminino daquela importante empresa, Carolina Alves foi escolhida e eleita para a direcção do Sindicado Nacional dos Ferroviários do Centro de Portugal (Pessoal dos Serviços Centrais), cabendo-lhe a honra de ter sido a primeira senhora em Portugal que ocupou um lugar de dirigente sindical.

As suas oportunas e sensatas opiniões foram sempre acatadas com o maior respeito e interesse. Muito lhe está devendo o Sindicato, pelos seus prestimosos serviços durante os dois anos em que exerceu o cargo de vogal da Direcção. O Boletim da C. P., órgão da Instrução Profissional do pessoal da Companhia, conferiu a Carolina Alves a elevada missão de ter a seu cargo a “Página Feminina”, do que se desempenhou com grande brilho, merecendo os melhores louvores. Tinha ao mesmo tempo o encargo de escrever palestras para a Rádio, bem como peças de teatro.

Tocada por singular misticismo, inclinou-se para a poesia trabalhando a difícil arte com naturalidade assombrosa com predilecção pelo género clássico, sem deixar de admirar o moderno, que também fez. Admirou os poetas Casimiro de Abreu, Cecília Meireles, Jorge Ferro Rosa, César Afonso, Luís Miguel Caldeira (Falecido), Nelson Campelo e outros. No género clássico, admirou a poesia do Padre Moreira das Neves, Fernanda de Castro, Virgínia Vitorino Florbela Espanca, Marisa Ryder, Aníbal Nobre, Glória Marreiros e Alberto Cardoso. Este poeta dedicou-lhe alguns versos e escreveu sobre Carolina Alves: “ é uma alma gentil de sensível inspiração e espontâneo lirismo comungante da Religião da Poesia Eterna”.

Carolina Alves escreveu:

Caem lágrimas do Céu
Numa chuva miudinha...
Cada uma, um beijo teu
Que a tu’ alma envia à minha.

Tudo me fala de ti...
E a minha vida é um Ai!
Lágrimas do Céu - caí!
Chorai comigo, chorai!...


Carolina Alves tem publicado três obras literárias, “Estrelas sem Rumo” (poesia), “Ziguezagues Poéticos” (Poesia e prosa), “Dom Henrique o Príncipe do Mar” (Prosa) e “tinha muito mais para publicar, “só que não houve oportunidade pelo menos até ao seu último dia de vida.
Carolina Alves fez das pequenas coisas grandes coisas e disse: “o que me dá mais prazer é quando escrevo com inspiração, sou como se abrisse uma torneira a jorrar água e assim surgem as palavras e as ideias. “Dá-me prazer também beijar uma criança, sentir a sua inocência e a sua fraqueza. Sinto prazer em conversar com as pessoas de intelecto muito desenvolvido, que me dão lições. Sinto prazer em ler um bom livro. Até me dá prazer proteger os animais, sinto a sua inocência”, tal como o que se gosta há aquilo que nos desagrada, “não gosto nada de discussões porque não levam a nada, gabarolices e vaidades infundadas”. Carolina Alves era uma pessoa muito crente e só isso a fazia viver “ como sou crente acredito que há outra vida para lá da morte; é essa que nos vai compensar dos males desta. As forças mais poderosas são as invisíveis. Quanto à doutrina Espírita, creio na reencarnação porque se o dia surge à noite e a noite ao dia, também as vidas têm a sua noite e o seu dia, ... até alcançar a perfeição, e repito, que, há vida para lá da morte! Quanto ao Espiritismo, se há pessoas que são sinceras, há algumas que não e daí surgem as confusões para a humanidade. Por isso não sou Espírita, sou Católica praticante. Na vida, apesar de todos os pesares, não me sinto infeliz, tenho sido privilegiada por Deus.”
Os defeitos e dúvidas são dos humanos...

DÚVIDA

Não sei se o teu amor é verdadeiro,
Se eu tenho para ti qualquer encanto...
Se me sorris por eu sorrir primeiro,
Se me queres, por eu te querer tanto!

Não sei que te detém, porque te calas,
Quando me olhas estático, a pensar...
É por amor a outra que não falas?
Oh! Quem me dera amor adivinhar!

Eu sou feliz beijando a tua boca,
Nessa ilusão bendita que inebria,
Neste sonho de amor que me traz louca
E faz vibrar meu peito de alegria.

GRÃO DE AREIA

Eu sou um grão de areia olhando o mar,
Que uma onda de espuma arremessou
À praia do deserto aonde estou
A ver os vendavais por mim passar...

Trago na alma, as almas a gritar...
Lágrimas que em naufrágios se chorou...
Toda a mágoa do mundo em morte sou
A catedral da dor a condensar!

Grão de areia entre tantos como eu...
Multidão infeliz que não viveu,
Que todos pisam como coisa morta!...

Mas lembro-me que há muito fui aral,
Depois de descoberto - Portugal -
E agora aquilo que sou, já não importa!

NÃO ME FAÇAS MAIS VERSOS

Os versos que me fazes, meu amor
Trazem o teu perfume, são brilhantes,
São finos, majestosos, elegantes,
São sombras de um adeus à minha dor!

São versos de um poeta sonhador
Que me encontrou em épocas distantes...
Mas mudei... já não sou quem era dantes,
Apenas aprecio teu estro em flor!

És rio de ilusões e de ternura
Nos teus deslumbramentos de imortal...
Não me faças mais versos é loucura!

Eu sou de carne e sangue, sou real...
E tu és a intangível criatura
Que vive o sonho eterno do ideal!

CONTRADIÇÃO

Não me queiras! Despreza-me sem dó!
Podes por mim passar, indiferente,
Bem alto proclamando a toda a gente
Que vives sem amor, que és livre e só.

Meu coração reduzirei a pó,
E a minh’alma, que mágoas já não sente,
Há-de aquietar-se, calma e paciente,
Tão pobre e resignada como Job.

Desmoronou-se o egrégio pedestal
Em que te erguera, belo e sedutor!
Não venhas mais tentar-me para o mal.

Que estou dizendo? Oh! Não! A minha dor
Desvaira-me a razão! Não creias tal,
Tudo é mentira! Volta meu amor!

Carolina Alves escreveu várias peças de Teatro tais como: “O Médico Preto” (Monólogo) já representado, “O Pintor”, (lido na Rádio) e dezenas de palestras na Rádio. Prestou colaboração em diversos Jornais e Revistas, tais como: Modas & Bordados, Almanaque Alentejano, Poetas & Trovadores, Jornal Novidades, onde foi Crítica de poesia, o Campaniço, Jornal Notícias de Évora, Jornal Diário do Sul, Jornal Florinhas do Gradil, Revista Mosaicos, e foi colaboradora permanente desta revista (Jornal da Amadora) com poesia e artigos de grande mérito literário. Foi associada da Associação Portuguesa de Poetas e da Direcção do Cenáculo Literário Marquesa de Valverde, onde fez parte do Júri dos Jogos Florais, prestando também serviços de Direcção, também foi associada do Círculo Nacional de Arte e Poesai. Fez parte do grupo “O Carinho da amizade”. Além das suas obras tem poesia sua publicada em Jornais, Revistas e Antologias. Tem publicado dezenas de críticas literárias; foi entrevistada na Revista Crónica Feminina e noutros onde manifestou sentimentos diversos, sobretudo a saudade.

SAUDADES!...

Saudades... São rosários desfiados
De lágrimas ardentes e de amor!...
Sombra que encerra luz, carícia e dor,
Que em lamentos e ais nos traz ligados.

Corações de tristeza repassados...
Campos lilases da saudade em flor
E donde a alma se envolta num clamor,
Dispersando sorrisos torturados!...

Saudades que de esperanças vão vivendo
Penas brancas que veste a mocidade
São rosas que entre espinhos vão morrendo!...

Mas se em nós se apagou a claridade
Da esperança... que nos resta? Ir perecendo
Ao cântico tristonho da saudade!.
(05.05.1951)

Carolina Alves era romântica, sonhadora, amorosa e crente, deixava-se arrastar por pensamentos cheios de ternura e de encanto feminino, era uma personalidade lírica de um grande interesse. Nos seus poemas há a identificação da ternura e suavidade com a melancolia e a tristeza. Os seus versos possuem elegante ritmo, com bom timbre que aos nossos ouvidos soam. Cada poema traz em si as marcas da sua personalidade indiscutível de poetisa de grande valor. Nos seus versos rimados transparece a luz e a sombra, a vida e a morte, o sonho e a desilusão. A maior virtude dos seus versos, é que não caem na uniformidade silábica, variam constantemente e fornecem motivos fortes e profundos para a meditação, cheios de múltiplos cambiantes com lições perenes de amor.

Palestras:
- Para além do ano dois mil
- A Primavera
- A necessidade de Orar
- O amor!
- Conserve a sua felicidade
- A criança
- Os americanos em Lisboa

PAPEL AMARROTADO

Um papel amarrotado,
Que nas pedras da rua ia rolando
E já por toda a gente desprezado,
Prende a minha atenção, e, eis senão quando:

P’ra minha mão, vem o papel voando!...
Ante meus olhos, pois, se há deparado
O atrevido papel tão miserando,
Em que ninguém houvera reparado!...

Em mim, simplesmente há curiosidade...
O que conterás tu, papel imundo?
Vou ler-te, visto que é tua vontade!

Mas, uma perturbante comoção
Invadiu a minha alma bem no fundo,
Ao ver que à VIRGEM, era uma oração!!!
21.10.1950

- Em 23 de Julho de 1986 é arquivado na Sociedade Portuguesa de Autores com a seguinte referência: 14 B/LF/MB/MM a letra: “Réplica à Valsa de Casimiro de Abreu”.
No:
- Jornal o Campaniço (Boletim Informativo da Câmara Municipal de Castro Verde) nº 9, Ano 2 Nov./Dez, 1990, o artigo de Mário Elias: Carolina Alves poetisa Alentejana, na p.15, e ainda o poema de Carolina Alves à memória da insigne professora do Baixo Alentejo Maria Emília Vasques Torres
- Jornal Novidades - 05.01.1959, p. 05 o poema Nasceu Jesus
- Jornal Novidades, no suplemento Letras e Artes, o artigo do Padre Moreira das Neves: Estrelas sem Rumo, poemas de Carolina Alves, na página 04.
- Jornal Letras e Artes, critica: A torre de Belém (Castelo de Sam Vicente da Par de Belém ) pelo Egº J. de Sousa Nunes, p.02, ano XXIV, 19 de Fevereiro de 1961, n.º 05

- Peças de Teatro de Carolina Alves:

O Médico Preto (Monólogo), representada por António Pereira, na Sociedade Promotora em Lisboa
Escreve em Artes e Letras acerca: O ninho da Onça de Alberto Lopes, p.4 e Lusitânia Expresso de Ferro Rodrigues
- Cores de Rubem A
- De Escape livre de Mariac
- Portugal Marinheiro de A. de M. Faria Antunes;
- Jornal Novidades, no Suplemento Artes e Letras, no Ano XXII, a 23 de Outubro de 1960, p. 2, com o Título de: Viagem Através duma Nebulosa de António Ramos Rosa;
- Jornal do Alentejo, 18.06.1952, in Página da Mulher, com o poema Contradição.
- Jornal de Notícias de Évora (Diário Regionalista da Manhã), nº 17.540, em 15.01.1959, Vida Literária: Estrelas Sem Rumo;

Carolina Alves escrecve, CRÍTICAS:

- Trovas de Luís Otávio, em Jornal Novidades no Suplemento Letras e Artes
- A Primeira Verdade Nobre de Maria Amélia Neto
- Diedro de Coimbra e de Resende
- Devo Narrar a Minha vida (Autobiografia de uma rapariga excepcional, de Cecília Cony (Soror Maria Antónia)
- Asa Ferida, poemas de Maria Pimentel Montenegro
- Na Margem das Horas de António Salvado
- O Mago que Lia a Sina de João Maia
- A Clepsidra de Camilo Pessanha, de Ester Lemos
- Terra Firme de António Rodrigues
- Os Meninos e as Quatro Estações de Tarciso Trindade
- Arame Farpado de Bastos Xavier
- Poemas Bárbaros de C. de Castro Lopo (Bento de Castro)
- O Teatrinho da Escola de Reinaldo Ferreiro (Néorx)
- Viagem ao Mundo da Minha Infância de Alice Azevedo Constant
- Terra-Mãe de Bento Caeiro
- Drama Íntimo de Agostinho J. Caramelo
- Portugal Marinheiro de A. de M. Faria Artur
- O Vento e a Sombra de Maria Amélia Neto
- A Dama e o Cavaleiro de Ana Hatherly
- A Velha e o Barco de Ernesto Leal
- Glória a Deus e Louvores de Luís Santos Nunes
- Jornal O Meu Jornal, o artigo: Ano Novo, p.7

“A morte é escura,
de enigmas formada;
que mata e procura
ser bem desculpada.”

- Em 1994 (Fevereiro), é Vogal da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Poetas

No Jornal Poetas e Trovadores:

Ano XIII - Fevereiro 1993, p. 12 com o artigo: O Carnaval
Ano XI - Fevereiro 1992, p. 13 artigo: 25 Aniversário do Cenáculo Literário Marquesa de Valverde, e ainda o poema: “À Memória da Marquesa de Valverde”.
Ano XII - Junho 1992, p. 13, com o artigo: Ser Poeta
Ano II - Agosto/Setembro 1992, p. 2, com o poema Por Bocage (Soneto);
Ano XII - Outubro, 1992, p. 12 com o artigo: A Arte da Palavra;
Ano XII - Dezembro 1992, p. 19, com o artigo Tradições do Natal;
Ano XII - Novembro de 1992, p. 4, com o artigo: Coração em Chamas do Dr. Joaquim Pegado Cardoso
Ano XV - Junho 1994 - p. 10, com o poema: Mágica Visão (Soneto).

- Escreveu para o Jornal o Século
- Jornal Florinhas do Gradil, Julho de 1952, Ano III, n.º 28, poema: Procissão de Nossa Senhora da Saúde, p.4
Boletim da C. P. nº 403, Janeiro de 1963, p. 24. “Mais um ano…”

Outros Boletins da C. P. com os seguintes artigos:

“Um equívoco”, “Mãe”, “Como se conservam as flores”, “O tempo e o destino”, “Novidade parisiense”, “É bom saber”, “Um provérbio de Salomão”, “Começa a Primavera”, “Para os Noivos”, “O Perfume”, “É bom asber… para repousar os pés”, “Gesticular”, “Conserve a sua felicidade”, “Etiqueta”, “A costura”, “A moda”, “Adolescência”, “Educação da Criança”, “Ternura”, “Mães portuguesas”, “Ser rapariga…”, “Mais um ano”, “O Baptismo”.

- Revista Mosaico, n.º 31 (Março, Abril e Maio de 1990 Directora Carmen de Figueiredo, apresenta Carolina Alves, que é capa de revista. Poemas seus são publicados.
- Recebe prémio de: “Um arco para violino”, pelo aproveitamento na disciplina de Música no ano lectivo de 19934/35 [02.12.1935]
- Foi sócia de “A voz do Operário” em 7.7.1928
- Escreveu palestras para Rádio: Rádio Graça.
- Foi entrevistada duas vezes na Revista Crónica Feminina;
- Trabalhos seus foram publicados no Almanaque Alentejano.
- Foi entrevistada pelo Dr. Jorge Ferro Rosa no Jornal da Amadora “Carolina Alves e o seu mundo Literário”, 5 de Setembro de 1996, p. 10
- Jornal da Amadora, com os artigos: Homenagem Póstuma a Luís Caldeira; Poeta; Carta a Alguém; Recordando um Amigo; Saudade que não Morre; e outros artigos e poemas que ainda continuam a ser publicados no referido Jornal;

Carolina Alves foi uma das pessoas responsáveis da Revista Cultural CyberLetter, uma das pessoas impulsionadora de todo o movimento e que teve a seu cargo a chefia da Redacção. Carolina Alves foi um dos elementos mais importantes desta Revista. O Director, era para ela o seu menino, o Jorginho como ela lhe chamava e posso aqui dizer que foi aquela pessoa que me tratou como nunca ninguém o fez até então.
Carolina Alves sempre me deu bons conselhos em vida e sempre com uma palavra amiga para mim, sempre. Era uma pessoa amiga de toda a gente. Carolina Alves partiu mas a minha amizade por ela continua igual. As coisas são assim e ninguém entende! A sua vontade deverá ser cumprida... na CYBERLETTER tem sempre o seu lugar, um lugar póstumo.

HÁ VIVOS APARENTES DE ALMA MORTA

Nas veias corre o sangue vinculado
Pelos erros do espírito infinito...
E se a razão não mede ante o conflito,
Haverá sangue rubro derramado.

Secretamente, em seu coração prateado
À vida legará quanto foi escrito,
P’ra mais tarde surgir em alto grito,
Porque calar não pode o condenado.

Seja crente ou descrente, não importa,
À Lei da Natureza está sujeito,
Porque só ela reina e nos conforta.

Pois toda a causa tem o seu efeito...
Há vivos aparentes, de alma morta,
Porque não têm coração no peito!

INTIMA DOR

Donde vens ó minh’alma assim tão triste?
Talvez de orbes celestes congelados,
Talvez de céus ignotos constelados,
Onde a luz de teus sonhos nunca viste.

Volta à procura e vai de lança em riste,
Leva teus elmos, teus mantos doirados
E se de sangue os vires salpicados,
Não te assustes! Vai! Segue! A luz existe!

E lá partiu minh’alma corajosa,
Impávida a sorrir, na fé absorta,
Qual sílfido gentil, bela graciosa...

Ouvi bater de leve à minha porta,
E fui abri-la estremecendo, ansiosa.
Oh! Deus! Era a minh’alma quase morta!

Naquele dia tudo se turvou na minha mente sem que eu percebesse alguma coisa do que estava a acontecer! Dia de luz sem luz!... Dia de cansaço... onde entro na capela de S. José e uma vez mais interrogo a existência e o meu interior explode com um silêncio pela mudança que já se estava a operar desde a manhã do dia congestionante. São situações que me deixam muito embaraçoso, e sem conseguir falar nada... mas de mim sei eu, quando penso saber, o resto não me diz respeito. O certo é que naquele dia falecia a minha amiga Carolina Alves! Olhei à minha volta e as lágrimas lavavam o meu coração, sem que com isso desejasse mostrar a quem quer que fosse o que estava a acontecer dentro de mim e mais precisamente naquele momento. O grito veio pelas redes de comunicação... dos telefones. As lágrimas choveram assim do Céu em tom moribundo! Lembro-me da sua maneira de ser, dos dias bonitos, os momentos da alegria e de tudo aquilo que nos envolvia a nós de uma forma especial, entre mim e ela, o resto ficava ao lado, nós éramos um outro mundo. A intensidade era nossa, a nossa vivência e única. Desta maneira o espasmo da vida tudo deitou por terra, senti-me vencido, ela abandonou-me para sempre... o seu sorriso cerrou, mas o seu quer-me bastante continua, tal como o meu nos dias de hoje, a viagem foi o rumo para o além, o lugar do desconhecido. Ela sabe disso, independentemente do que eu possa mostrar, claro aos outros isso não faz muito sentido. Mas, fui eu que nos últimos tempos de sua vida lhe dei mais atenção, vivia com ela o dia a dia, era a sua companhia, o seu netinho, o seu menino, como me dizia. Uma estima invulgar, uma correspondência... minha amizade é assim, e tudo continua!
Tudo isto para mim é insondável, cada palavra é uma lâmina afiada, dilacera-me o corpo e a alma, tudo lá bem no fundo... e lembro todo o final... uma princesa a dormir, repleta de flores, de mensagens de alguns amigos e do silêncio de meditação... os nossos sentimentos à nossa maneira. Estará Deus zangado para que a tivesse levado? Não posso! Mas, quase todos os dias a tenho presente em sonhos fantásticos... Alheio a tudo, mantenho a sua presença, todo o meu vazio preenche-se com as imagens do particular... que é eterno e é assim que continuamos os dois a viver, embora de forma diferente. Então que seja feita a sua vontade, pelo menos, no que me diz respeito aqui na terra.
Não posso ficar no silêncio, o altar da vida é agora diferente, claro com a dor. Carrego a solidão de uma amizade cujo cenário é o tempo. Mas, a vida é isto, e tanto eu falava com a minha querida amiga Carolina Alves, sobre as coisas da vida...
No seu funeral foi a última viagem que fiz consigo e naquele lugar as minhas lágrimas derramaram-se junto ao ombro da minha amiga Marisa Ryder, depois de olhar ao descer do caixão à terra, quando os homens começaram a arrastar a terra... e assim tudo se cobriu de terra e flores, as minhas flores e as dos outros. Foi lá no desterro, lá no cemitério do Alto de S. João que o corpo da Carolina Alves ficou, na campa, com o nº 7120 - 1997 [Carolina Alves]. Ali, para tudo começar, a derradeira despedida... este grito que rasga o tempo e eterniza uma amizade divina. Que a sua alma tenha a paz eterna e a verdade cresça em todos os jardins. As saudades são as flores que me brindam todos os dias... num adeus rumo à reflexão.


Carolina Alves tinha muitas amigas. Nos últimos tempos da sua vida, Marisa Ryder era uma amiga do seu coração. Segue-se um Soneto que Carolina Alves escreveu, ao aniversário de Carolina Alves e a resposta de Marisa Ryder ao respectivo Soneto.


Aos Anos da Marisa

Truz, truz, truz truz! Quem é? É um bebé!...
Vem num cestinho de oiro perfumado,
Parece Jesus em palhas deitado.
Mas é uma menina... Linda é!

Seus olhos são da cor dum aloé
Sorriem para a mãe que os há gerado
No ambiente materno, abençoado;
Que lembra a paz da Virgem e José!

E a menina sorria promissora
De desvendar segredos que há na brisa,
Anunciando o génio de escritora!

A menina cresceu e é poetisa...
Duma beleza rara, encantadora,
Famosa e conhecida por Marisa!
Carolina Alves

Nasceu a 09/04/1910 - Faleceu a 15/09/1997

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Vila Franca de Xira, 18 de Setembro de 2007

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

EDITORIAL - CYBERLETTER - 2ª série

Estavamos no ano de 1997, e foi em Abril desse ano que surgiu o número zero da CyberLetter, no início chamava-se "Primavera", pelo facto de estarmos na Primavera. A ideia estava a ser amadurecida e naquele dia as coisas deixaram de apenas ser ideias, para passarem ao concreto. Carolina Alves, poetisa e escritora esteve na base deste projecto, depois outros amigos se alearam ao mesmo. Jorge Ferro Rosa, o director da mesma. Tudo sem saber o que isto poderia ir dar. O facto é que sairam 30 números desde o ano de 1997 até ao ano de 2002, em suporte de papel. Esta foi a primeira série da CyberLetter. Por razões de saúde do director, a mesma foi suspensa por tempo indeterminado, causando aos seus leitores que já estavam habituados a ver os seus trabalhos publicados, uma notável tristeza. Os responsáveis do projecto CyberLetter, por razões profissionais, dispersaram-se o que contribuiu para um distanciamento maior e falta de tempo para elaborar a revista, o que era impensável uma única pessoa só suportar. Enfim... contrariedades, contudo pensamos que o trabalho que foi desenvolvido foi bastante bom.

Agora, este é o primeiro post da sua CyberLetter, revista cultural, em versão electrónica (2ª série) . Todos os amigos da Cyberletter lembram momentos inefáveis, lugares apaziguadores que o tempo guardou na alma... os convívios, a poesia e a edição em papel que contou com inúmeros exemplares. Fundadores foram a poetisa e escritora Carolina Alves (falecida - dedique-se este espaço em sua memória) e Jorge Ferro Rosa. À laia daquilo que foi nos tempos remotos, vamos editar alguns trabalhos aqui neste blog, com esse intuíto onde todos os amigos poderão ver aqui inseridos os seus trabalhos.
Os responsáveis por este espaço são Isabel Carmo e Jorge Ferro Rosa. Claro, queremos o maior número de participantes e quem não sabe se daqui a algum tempo não vão surgir encontros e reencontros? Vamos ver até onde podemos chegar. Para já estamos abertos a sugestões...

Este espaço encontra-se em constução. Faça-nos chegar os seus poemas, textos, fotos pelo email: cyberletter2007@gmail.com

Até já! Não se esqueça, as ondas da blogosfera podem-nos unir numa grande irmandade literária.

CyberLetter

17.09.2007